Céu

Hoje é a minha última noite cá em casa. Vim olhar para o céu e ouvir músicas tristes como fazia quando cá vivia.
Cantar a olhar para as pouquíssimas estrelas que há sobre essa manta gélida que ao invés de nos aquecer deixa-nos hipotermicos e a chorar, como de praxe.
Incrível, sempre que fazia o meu ritual tinha o coração amargo, com uma esperança desesperada e um anseio para ganhar o mundo. Hoje, debaixo deste céu não sinto o mesmo. Talvez porque agora este sentimento se transportou para o céu de Luanda.
Olho para cima e já não tenho mais curiosidade de ver o que há além, já conheço.
Mas quando olho para o céu de Luanda sinto exactamente o mesmo que sentia aqui.
Acho que alcancei um céu dentre muitos céus. Mas há ainda outros céus que preciso conquistar. Sempre me senti entre uma sereia e um pássaro.