Pelo menos compaixão
A parte mais dolorosa foi quando o verniz da bondade descacou.
Quando a estrutura que coloquei todas as virtudes que te projectei desmoronou.
- Ele é bom! Não me magoou de propósito!
Lutava, relutava, alegava!
As tuas acções demonstravam o contrário.
E como uma anafora eu repetia
- Ele é bom! Não me magoou de propósito!
Talvez porque mais doloroso do que não ser amada, é não ser considerada.
O meu íntimo implorava por compaixão.
Que ia acabar magoada eu já sabia, mas o meu desejo mais profundo era que te magoasse me magoar e com isso fazeres de tudo para não me maltratar.
Por isso repetia:
- Ele é bom! Não me magoou de propósito!
Queria atenuar a dor, estancar o sangue com uma fantasia. Jamais teria o teu amor, mas que pelo menos tivesse a tua compaixão.
O reconhecimento de que fui boa para ti e merecia ser tratada com algum respeito.
Há fins e fins. O nosso foi o pior dos fins. Foi um fim (?)!
E não há pior final do que este!