Pelo menos compaixão

Tchenguita
1 min readJul 22, 2021

A parte mais dolorosa foi quando o verniz da bondade descacou.
Quando a estrutura que coloquei todas as virtudes que te projectei desmoronou.
- Ele é bom! Não me magoou de propósito!
Lutava, relutava, alegava!
As tuas acções demonstravam o contrário.
E como uma anafora eu repetia
- Ele é bom! Não me magoou de propósito!
Talvez porque mais doloroso do que não ser amada, é não ser considerada.
O meu íntimo implorava por compaixão.

Que ia acabar magoada eu já sabia, mas o meu desejo mais profundo era que te magoasse me magoar e com isso fazeres de tudo para não me maltratar.

Por isso repetia:
- Ele é bom! Não me magoou de propósito!

Queria atenuar a dor, estancar o sangue com uma fantasia. Jamais teria o teu amor, mas que pelo menos tivesse a tua compaixão.
O reconhecimento de que fui boa para ti e merecia ser tratada com algum respeito.

Há fins e fins. O nosso foi o pior dos fins. Foi um fim (?)!

E não há pior final do que este!

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